Bancos privados lideram leilão da folha do INSS
da Reuters, em Brasília
Os bancos privados dominaram o primeiro dia do leilão da folha de pagamentos de novos benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), arrematando 15 dos 18 lotes licitados. O mineiro Banco Mercantil do Brasil e o Bradesco foram os maiores vencedores nesta quarta-feira.
Ainda restam oito lotes que serão leiloados na quinta-feira. Em disputa está o direito de intermediar o pagamento de cerca de 377 mil novos benefícios concedidos mensalmente pelo INSS.
Um representante de um dos bancos públicos, que pediu anonimato, disse que o apetite das instituições privadas surpreendeu na primeira etapa do leilão.
A esperança dos bancos é oferecer serviços --como crédito, especialmente o consignado, seguros e investimentos a aposentados e pensionistas.
O Bradesco levou cinco lotes, incluindo o da cidade de São Paulo, considerado por especialistas um dos mais interessantes, ao se dispor a pagar R$ 2,06 ao governo por cada novo benefício que intermediar na capital do Estado.
O Banco Mercantil do Brasil fez o melhor lance por outros cinco lotes e ficou com Minas Gerais, além de todo o Estado de São Paulo exceto a capital.
O Itaú Unibanco apresentou a melhor proposta por três lotes, que englobam interior do Rio, os Estados de Goiás e Paraná e o Distrito Federal.
No caso paranaense, o Itaú Unibanco vai pagar ao governo R$ 2,70 por cada benefício que repassar a aposentados e pensionistas. Trata-se do maior valor que o governo vai receber.
O Santander, por sua vez, terá o direito de intermediar o pagamento aos novos pensionistas na cidade do Rio de Janeiro e em Salvador e proximidades.
Entre os bancos públicos, o gaúcho Banrisul levou a melhor nos dois lotes que envolvem o Rio Grande do Sul. E a Caixa Econômica Federal ficou com o lote de Santa Catarina.
Base valiosa
Até 2007, a Previdência pagava para que os bancos intermediassem o pagamento dos benefícios do INSS, com desembolso anual de cerca de R$ 250 milhões. Ao se dar conta de que se trata de uma base de dados valiosa, já que os pensionistas são clientes potenciais das instituições financeiras, o governo federal resolveu virar o jogo e cobrar dos bancos para que prestem o serviço.
Nada muda em relação aos atuais 26,6 milhões de pensionistas, que continuam a receber os benefícios da mesma forma.
No caso dos novos pensionistas, o banco que for realizar o pagamento precisa se comprometer a não cobrar por extratos, um DOC ou TED mensal, além de extrato para o Imposto de Renda.
Os bancos vencedores terão direito de intermediar por 20 anos o pagamento de cada novo beneficiário do INSS que se aposentar nos próximos cinco anos.
A expectativa é que os bancos públicos acabem recebendo uma parcela dos novos pensionistas, devido à capilaridade da rede de atendimento.
Isso porque, pelo edital, caso o banco vencedor não possua agência em determinado local, a melhor proposta seguinte assume o compromisso de intermediar o pagamento. O Banco do Brasil apresentou ofertas iniciais por todos os lotes, no valor de R$ 0,01 por cada.
Representantes de bancos privados que estão em Brasília e acompanham o leilão acreditam que o BB não está tendo uma postura agressiva por já ser responsável pela maior parte dos pagamentos dos benefícios do INSS em estoque, e não teria intenção de inflacionar a licitação. Por trás disso, estaria o receio do BB de um possível leilão, no futuro, do estoque dos benefícios.
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